"I Chose to Be Black" - Entrevista a Munyaneza Henry
I Chose to be BLACK” é a mais recente colecção exclusiva da Afrikanizm do talentoso artista ruandês, Munyaneza Henry, inspirada no movimento global - Black Lives Matter. Esta colecção nasceu da necessidade de reconhecer e celebrar a identidade africana que tem sido “enterrada" sob o peso do colonialismo e de séculos de opressão.
A Afrikanizm quis descobrir mais sobre a colecção bem como conhecer melhor o artista por detrás dela. Convidamos-te a ler esta entrevista exclusiva ao Munyaneza Henry.
Quem é o Munyaneza Henry?
Nasci a 5 de Maio de 2003, no Ruanda e sou o único rapaz de 4 filhos. Quando era mais novo era muito introvertido, mas ao mesmo tempo muito curioso. Sou cristão e vejo a arte em tudo, pois acredito que arte é vida.
Como te defines como artista?
Desde criança que a coisa mais espantosa que fiz, em termos de arte, foi construir casas no solo, por isso, desde então, a arte tornou-se a minha vida. Dediquei-me a ser o artista que pinta como forma de comunicar com as pessoas que se encontram longe ao pintar retratos com uma palete vibrante de cores. Acredito que a arte é uma representação do nosso quotidiano, é uma forma de expressão e de comunicação, da qual toda a gente pode ter acesso. Sou um artista que se inspira em histórias, que conta acontecimentos, que aborda vários temas, como a saúde mental e que tem como objetivo de inspirar e motivar as pessoas.
Porquê esta seleção para o Afrikanizm?
Tendo em conta um dos valores da Afrikanizm, promover a cultura africana, nada melhor que esta coleção que aborda a necessidade de reconhecer e celebrar a identidade africana que tem sido “enterrada" sob o peso do colonialismo e de séculos de opressão.
Fala-me sobre a inspiração por detrás destas peças.
A inspiração para esta coleção surgiu após a preparação de uma exposição no meu estúdio, da qual ninguém apareceu, nem mesmo os meus amigos. Perdi a fé, a confiança e o investimento que tinha feito. Queria deixar a arte. Nesse mesmo dia falei com a minha mãe e ela conseguiu reconfortar-me com as suas palavras. Durante a minha jornada, que não foi nada fácil, pois fui despedido, expulso de casa pelo meu tio, recusado a trabalhar com algumas galerias e recusado a ser pago, disse-me, a mim mesmo, que isto não era nada e que devia continuar em frente. Usei todas estas experiências e os sentimentos envolvidos nesta coleção para ajudar aqueles, que como eu, tinham perdido a esperança.
Quanto tempo demorou a criar as peças desta coleção?
Levei um mês e meio.
Podes abordar alguma técnica ou meio específico que tenhas utilizado na criação destas obras?
Utilizei uma palete vibrante de cores, formas, figuras humanas e pinceladas dinâmicas
de modo a retratar o que pretendia e a criar impacto para a audiência. Meio: Acrílico sobre tela.
Como é que esta coleção se relaciona com o teu trabalho anterior ou outras peças que tenhas criado?
Tento sempre criar coleções com novos temas, sendo assim, esta coleção não se relaciona com nenhuma das anteriores.
Como esperas que os espectadores respondam à tua coleção?
Espero que compreendam e reflitam sobre a mensagem que a coleção passa, que gostem muito e que comprem. Gostaria que as minhas peças tivessem um lar para que possam continuar a inspirar e a comunicar para várias pessoas.
Como é que esta coleção reflecte o contexto social e cultural actual?
Esta coleção desafia os africanos a libertarem-se da prisão de uma mentalidade limitada por não conseguirem acreditar em si próprios. Gostaria que reconhecessem o seu próprio valor e os seus direitos, tal como os nossos antepassados o fizeram.
Existem alguns temas ou mensagens específicas que esperas transmitir através da tua arte?
Vamos começar a apoiar-nos mutuamente e parar de perguntar porque é que ele ou ela é assim. Devemos acreditar que todos somos diferentes e por sua vez temos propósitos diferentes. Ao criar união, entre todos, seremos mais fortes e chegaremos mais longe.
Há algumas peças nesta coleção que sejam particularmente significativas para ti?
Todas as peças são inspiradas a partir da minha história de vida, durante o meu percurso de me tornar artista. O quadro “The Light of Hope” retrata a esperança e a força que tive para continuar após a perda que tive no início de 2023.
Estas a planear criar mais obras relacionadas com esta coleção?
De momento não.
O que podemos esperar do Munyaneza do Futuro?
Continuar a educar e a motivar as pessoas através da minha arte e nunca deixar de criar obras de arte que surpreendam.
Se ainda não viu a coleção " I Chose to Be Black" de Munyaneza Henry, não perca mais tempo e explore a mesma no nosso site, siga o link - https://www.afrikanizm.com/en/i-chose-to-be-black