O AMOR NA ARTE CONTEMPORÂNEA AFRICANA – ENTREVISTA MOHAMMED EID.

O amor é uma temática comum na arte, e muitos artistas encontram inspiração e significado ao explorá-lo em suas obras. Para o artista africana Mohammed Eid o amor é uma fonte de inspiração constante.

Em uma entrevista exclusiva, o artista compartilha as suas reflexões sobre como incorpora o amor nas suas criações, desde a inspiração inicial até a realização final. Os seus insights permitem-nos compreender como o amor pode ser expresso de maneiras variadas e profundas na arte, e como esta temática pode ser uma fonte rica de expressão para artistas de todos os tipos.

Ao iniciar a nossa entrevista, pedimos ao Mohammed que se descrevesse. Contudo, como é comum a todos os artistas, Mohammed não soube como e teve alguma dificuldade em explicar-nos os seus trabalhos, pois para os artistas, a pintura é a substituição das palavras.

No entanto, durante a nossa conversa, rapidamente foi perceptível a sensibilidade do artista. Mohammed Eid é um jovem artista egípcio que se formou em Belas artes e atualmente é professor na Universidade de Belas Artes do Egipto. Tem uma grande paixão pela arte e usa-a como modo de comunicação e expressão.

O que o inspirou a usar o amor como tema no seu trabalho, e como é que ele desempenha um papel na sua visão artística?

O amor é um tema que diz respeito a todos. O papel crítico que o amor desempenha nas nossas vidas reflete-se também na arte. Segundo um estudo recente, as relações satisfatórias são uma importante fonte de felicidade pessoal para a maioria dos alemães e descobriram que os solteiros têm uma ideia bastante detalhada de como deve ser uma parceria gratificante.

Os artistas visuais abordaram o tema do amor durante séculos numa variedade de formas e amplitude temática: amor terreno, amantes da mitologia, narcisismo, erotismo e a idealização da beleza.

No meu caso, o amor que tenho pela minha mulher e pela nossa relação faz-me abordar vários temas relacionados com o amor, sobretudo as relações conjugais e os sentimentos que surgem com a ausência dela, como por exemplo a ansiedade.

Como aborda a representação do amor no seu trabalho, e que elementos utiliza para transmitir as emoções e as experiências associadas ao amor?

Há duas personagens presentes nos meus trabalhos, um homem e uma mulher. Estas duas personagens representam as relações e o amor, o encontro e a ausência. A cor luminosa e baça, expressa a confusão entre a alegria e antecipação, a vitalidade e a calma, e o movimento e a quietude. As cores podem ser descritas como um estado sonhador que contém ascese, devoção e contemplação. A sede intensa é expressa no meu anseio pela minha amada e na minha paixão por unir o meu espírito e a tentativa de esquecer todas as minhas preocupações e tristezas.

Pode falar de um trabalho específico que explora o amor e o que ele representa para si?

Praticamente toda as peças que estão presentes na Plataforma exploram o amor. Contudo, há uma peça que quero destacar - Autumn of Eve. É a peça que mais expressa o meu caso de amor com a minha mulher. Comparei-nos ao Adão e a Eva.

Como é que as suas próprias experiências pessoais com o amor influenciaram o seu trabalho, e o que espera que as audiências retirem do seu trabalho quando o veem?

Com base na minha perspetiva, a maioria das histórias de amor estão relacionadas com a ausência do amado e uma tendência oculta, da parte do amante, para ter o seu amado envolvido numa nuvem de ausência. Pois, a presença do amado envolvido nessa nuvem de ausência, brilharia de novo, ainda mais forte, na sua imaginação. Nestas histórias, o amor frequentemente murcha na presença do amado e só floresce na sua ausência. Como Jamil Buthayna diz, "A minha paixão morre na sua presença, e volta à vida quando nos separamos." Espero que a audiência reflita sobre o amor e as suas histórias e que retirem uma lição, tendo em conta as suas próprias experiências ou que possam sonhar com uma relação ideal.

Quais são as perspectivas e experiências únicas dos artistas que utilizam o amor como tema central no seu trabalho, e como é que isto afeta as suas expressões artísticas?

Os artistas possuem a capacidade única de capturar a magnitude de uma emoção tão grande e fundamental como o amor, em todas as suas formas ricas e variadas, e canalizá-la para a arte. Todos os artistas para quem o amor representa uma forma de prática - algo que é intencional e activo ou, como Alain Badiou disse, "menos milagroso e mais árduo trabalho".

Como sente que a arte pode ser usada como instrumento de comentário social e expressão política, e que papel desempenha o amor nisto?

A arte desempenha um papel crucial na formação e renovação da cultura: ela pode iluminar a verdade, criar momentos de alegria ou inspirar-nos a agir. Em tempos como estes, precisamos de capacitar artistas como nunca antes para nos ajudar a refletir, para reacender a nossa esperança e para imaginar um futuro melhor.

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